Desarmando suas dúvidas - parte 2


1. Lidando com as dúvidas
Presbítero Heverton Agnelli

Em João 20, encontramos o mais famoso duvidador da história. Seu nome era Tomé. Ele era o clássico cético, relutante em aceitar qualquer fato simplesmente contado por alguém. Precisava primeiro fazer umas perguntas afiadas. Quem sabe hoje em dia fosse advogado. Nós talvez não o quereríamos como companheiro de decisões, mas Jesus o escolheu. Talvez Ele precisasse de um discípulo cabeça dura, como todas as empresas de hoje precisam.

Esse era o Tomé das Escrituras: prático, cético, sem presumir nada, mas não incrédulo. Tomé ia aonde os outros onze iam. Ele viu, ouviu e sentiu todos os milagres. Sabia quem conseguia andar sobre as águas, ressuscitar um amigo morto e controlar os ventos da tempestade. Sem dúvida, a vida de Tomé foi transformada como a dos outros, mas ele ainda duvidou. Podemos ter fé, ver milagres e ainda assim ter incertezas. Na realidade, os questionamentos do crente indagador só aumentarão quando os milagres fluírem. O momento decisivo na visa de Tomé se encontra em João 20. Vamos entender a lidar com as dúvidas através da história de Tomé:

1º) A dúvida se origina no isolamento (Jo 20.24). Tomé perdeu os fogos de artifício. Jesus apareceu entre os amigos, mostrou as feridas e indicou o futuro. Houve grande alegria e comemoração naquela sala, mas Tomé não estava presente. Os discípulos estavam reunidos em luto. Tomé resolveu se isolar para refletir tudo que estava acontecendo. A dúvida brota no escuro. Ela prospera na solidão fria e úmida do espírito humano. No isolamento, as dúvidas parecem maiores, mais ameaçadoras, mais desesperançosas. Onde estava João Batista quando começou a questionar o conteúdo de toda sua pregação? Estava numa cela escura, longe da multidão, na masmorra onde crescem as dúvidas. A escuridão alimenta a dúvida. A luz do dia a dissipa.

É por isso que a dúvida é uma sábia oportunidade de examinar nossos sentimentos. Mantenha contato com as pessoas e ficará mais propenso a permanecer ligado a sua fé.

2º) As dúvidas requerem evidências (Jo 20.25). A dúvida verdadeira nunca se afasta dos fatos, para quer que eles levem. Persegue a verdade com teimosia. Considere o ponto de vista de Tomé. Quando Jesus apresentou o itinerário do grupo, Tomé foi contra eles terem que passar por Jerusalém. Segundo ele, era um luar perigoso demais para visitar – Jesus morreria, talvez os discípulos morressem com Ele. Sem dúvida, suas predições mais terríveis sobre Jesus se realizaram. Se eles tivessem dado ouvidos a Tomé, perito em imaginar o pior...Os céticos sentem uma satisfação melancólica nestas palavras: “Eu bem que avisei”.

Agora, quando os discípulos se preparam para dar a incrível notícia a Tomé, como ele reage?
Como já era de se imaginar, ele recita o credo do cético. “Só acredito vendo”, diz. Ou melhor, “ só acredito tocando”.

Assim como adoramos criticar Pedro por não ter conseguido andar sobre as águas – apesar de que nós talvez nem tirássemos o pé do barco, estamos prontos a condenar Tomé só porque ele insistiu em ter evidências. Pelo menos foi honesto, disse o que pensava. Ele nunca disse que a declaração dos discípulos era impossível; jamais desprezou os milagres. Queria apenas testar as evidências pessoalmente. Jesus encontrou Tomé na hora das perguntas. Pergunte a Deus com sinceridade e Ele sempre lhe responderá.

3º) As dúvidas nos atraem de volta a Cristo (Jo 20.26). Durante mais de uma semana o problema isolou Tomé de seus amigos. A pergunta que rodeava Tomé era: Será que o Mestre esta vivo ou eles foram cruelmente enganados?

É relevante o fato de Tomé, apesar das dúvidas, ter ficado com eles. Novamente vemos uma diferença entre dúvida e incredulidade. A dúvida diz: “Vou ficar e investigar”. A incredulidade se afasta e diz: “Tudo bem rapazes, continuem acreditando no que quiserem. Eu vou embora”.

As perguntas são início da jornada, mas as repostas vêm pela experiência, quando se estende o braço para tocar e sentir e quando se é tocado pelo poder das mãos perfuradas pelos cravos. Essa é a experiência de Tomé, que fez as perguntas certas e cujo as dúvidas o mantiveram junto à comunidade da fé e o guiaram à presença do SALVADOR.

4º) A dúvida aprofunda nossa fé (Jo 20.27). Pense nisto: nos anos seguintes, qual dos discípulos teve o testemunho mais convincente? Quem mais passou a mão na cicatriz causada pela lança?
Quem mais correu a mão tremula pelas mãos que o cravo atravessou? Somente Tomé, seus olhos e suas mãos lhe ofereceram provas consistentes (Lc 24.38-40). Você esta na dúvida?
Aproxime-se e sinta você mesmo. A Bíblia não vai esclarecer suas dúvidas se você guarda-las numa caixa. Discuta-as com um amigo sábio na fé, discuta com um professor ou até com o seu pastor. Deus sobrevive a há milhares de anos respondendo dúvidas da humanidade, com certeza vai esclarecer as suas.

Tomé substituiu suas dúvidas por uma exclamação: “Senhor meu e Deus meu! (Jo 20.28)”. Perguntas sinceras levam a declarações poderosas!

Para refletir:
Você esconde suas dúvidas? Que tipo de fé você esta construindo?

Palavra do Poderoso Deus:
Quem tem dúvidas quer entender, quem questiona quer compreender; mais aquele que tudo aceita nada sólido tem a oferecer. (2ºTm 3.14-16).